Bobagens

O casal do apartamento de baixo começou uma briga feia. Acusações de todos os tipos, palavrões, choros e gritos. O vizinho de cima, a princípio incomodado com a barulheira, acabou se interessando pela lavagem de roupa suja, não resistiu e se debruçou em sua varanda para ouvir com mais detalhes. Foi se empolgando, se inclinando e não deu outra, despencou do quinto andar, se esborrachando na calçada de uma rua em São Paulo. Esse caso, contado a cores e com detalhes pelos meus pais, efetivamente aconteceu no prédio de uma de minhas tias e, para mim, ficava mais assustador quando a causa do acidente era atribuída ao peso da cabeça do curioso. A intenção era ensinar para uma criança que janela não é lugar de brincadeiras. O problema é que até hoje imagino o coitado com uma cabeção enorme, pesando pelo menos uma tonelada. Deve ser trauma. Em uma outra ocasião, lá estava eu passeando de ônibus, sentado na janela do coletivo, feliz da vida com o vento batendo no meu rosto e fazendo todos