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Mostrando postagens de abril, 2023

A morte não é nada

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Santo Agostinho “A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. "Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho… Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.”

Meu pai

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“ Tudo o que acontece é natural – inclusive o sobrenatural.”   ( Mario Quintana )   Sai do bazar e “atropelei” um senhor que vinha cabisbaixo pela calçada, rente às lojas. Ninguém caiu, ninguém se machucou. Perguntei se estava tudo bem, se precisava de alguma ajuda. Ele se recompôs, pediu desculpas pela distração, me olhou profundamente nos olhos, deu um até logo e seguiu seu caminho. Chocado, não consegui sair dali: por algum motivo fiquei com a sensação de que quase tinha derrubado no chão o meu falecido pai. Olhei para o lado esquerdo da rua e lá longe ia ele, devagar, com as mãos no bolso e um cigarro no canto da boca. Meu Deus, um cigarro na boca? Quem ainda fazia isso? Não era possível, Papai faleceu há cinquenta e três anos e hoje ele teria mais de cem anos de idade. E como assim, ele não me reconheceu? Se bem que não tem como, afinal, eu tinha apenas 13 anos. O que ele viu, a pessoa que trombou com ele, foi um senhor meio calvo, com os cabelos e barba brancos, óculos com lent

Filó

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Foto: Carlos Emerson Junior   A cachorra estava só na dela. Deitada no sofá, ignorava solenemente a família reunida na mesa de jantar. Bocejava de vez em quando e com os olhos semicerrados, deixava o sono decorrente da noitinha tomar conta do corpo. No entanto, o cheiro de comida... nossa, que delícia. Levantou ligeiramente a cabeça para avaliar o que acontecia. Caramba, os quatro bípedes da casa estavam realmente devorando um bife! Avaliou a situação e percebeu que não adiantava pedir, iam lhe jogar um pedacinho bem mixuruca ou pior, ração para cachorros! Virou o corpo na direção da mesa, se espreguiçou e lentamente caminhou para junto da humana que considerava sua dona. Percebendo que ela segurava um pedaço de carne em uma das mãos e deixou um naco no prato, correu e rápida como um raio, saltou em seu colo, abocanhou inteirinho o filé e saiu lépida para devorar a delícia. Ah, os prazeres de um bom prato!  Mas Filó, em sua gula, acabou se esquecendo completamente do “não”, um comando