Muros
.jpg)
Foto: Carlos Emerson Junior I Todo o santo dia passava em frente ao muro de hera. De quando em quando, um vira-latas amarelinho dormia encostado na vegetação, possivelmente para se proteger do calor. O muro de hera sempre estava impecavelmente aparado. Nenhum galho quebrado ou ervas daninhas podiam ser notados, apesar de nunca ter visto um jardineiro por ali… se bem que podia ser mera coincidência… O cachorro estava lá, no mesmo lugar, sonhando o que os cachorros sonham. Parou e pensou se devia fazer um afago, mas desistiu, deixa o bicho dormir em paz. Cuidadosamente foi até o portão de madeira e tentou olhar para dentro por alguma fresta, sem sucesso. Conseguiu apenas vislumbrar alguns arbustos e um calçamento de pedras, possivelmente para carros. Atravessou a rua e tentou enxergar acima do muro. O mais estranho é que, nesses anos todos, nunca tinha notado que não dava para ver o que havia lá dentro. Uma casa, com certeza, mas o muro muito alto não perm