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Mostrando postagens de novembro, 2022

Apelo

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"Sobre a humanidade desceu novamente o pesadelo da guerra, que é a negação do sonho de Deus: povos em confronto, povos que se matam uns aos outros, povos que, em vez de se aproximarem, são expulsos de suas casas. À medida que a fúria da destruição e da morte se acende e os confrontos se ampliam, alimentando uma escalada que é cada vez mais perigosa para todos, renovo meu apelo aos responsáveis pelas nações: por favor, não levem a humanidade à ruína! Não levem a humanidade à ruína, por favor!" Papa Francisco (5 de junho de 2022, Vaticano) oOo Foto: Oleg Petrasyuk - Reuters

Fiat Elba

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– Não foi por causa de uma Fiat Elba que aquele presidente foi afastado?  – Hum... Na verdade foi um problema com corrupção, falta de apoio no Congresso Nacional e...  – Não, não, a acusação que vingou mesmo, o motivo técnico para a cassação foi a Fiat Elba!  – Bom, tem razão, mas isso foi apenas um detalhe, a coisa era maior.  – Tinha uma Fiat Elba, é o que importa.  – Mas importa como, foi uma comoção nacional, esqueceu?  – Importa pra mim! Prova que existiu uma praga em cima dos donos desse carro.  – Ah, para com isso. Onde já se viu “praga de automóvel”?  – Existe sim. Eu mesmo nunca acreditei nessas coisas e olha que já tive latas velhas até da Lada, você lembra, não é mesmo?  – Lembro sim, mas aí não foi praga e sim burrice.  – Foi mesmo, confesso. Mas garanto que o único carro de que me desfiz com prazer foi a Fiat Elba. Aliás, minto, com prazer não, apavorado.  – Caramba!  – O pior é que foi meu primeiro carro zero-quilômetro. Comprei logo que foi lançado, no final da década de

O último barão da república

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  Arte: Eugenio Hansen “ Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer. ( Barão de Itararé) ”   Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, jornalista, escritor e humorista, o Barão de Itararé, era um pândego mesmo. Imagino o que ele não aprontaria nesses dias sombrios! Algumas de suas tiradas são geniais, como “ o Brasil é feito por nós. Está na hora de desatar esses nós. ” Ou “ de onde menos se espera, daí é que não sai nada ” e a famosa “ não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar ”.   E não fica só nisso:   “ O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro” . “ A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis” . “ O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato . “ O mal do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta” . “ Nunca desista de seu sonho. Se ele acabou numa

Riso no escuro

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  Unsplash Acordou bruscamente, um tanto desassossegado, com uma vaga impressão de que estava se ndo observado. Na escuridão do quarto, muito escuro, viu a mulher dormindo profundamente ao seu lado e no chão, em seu tapetinho, a cachorra sequer se mexia. O sono era tanto que definiu logo que tivera algum sonho e fechou os olhos para dormir novamente.   Dessa vez sentiu uma distante respiração, muito diferente dos ronco s mulher e da cachorra. Quase como se fosse um suspiro. Apoiou-se nos braços e levantou um pouco o tronco. Nada mudara, entretanto. Conferiu as horas e sentiu vontade de ir ao banheiro. Suspirou profundamente, sentou-se na beira da cama e quase teve um troço: era capaz de jurar que havia alguém parado na porta do quarto.   Por um segundo achou que ainda estivesse dormindo e fez uma força enorme para acordar. Gelou por dentro. Um vulto escuro, imóvel e indistinguível, como se fosse uma sombra, parecia olhar fixamente para ele. Estranhamente a mulher e a cacho

Um amigo

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  Aconteceu no inverno de 2018. A caminhada pela manhã de uma segunda feira, mostrou Friburgo ensolarada mas ainda com o resto do frio da madrugada e estranhamente deserta. Do Sans Souci até o Bairro Ypú, passando pelo Alto das Braunes, Santa Elisa e Catarcione, ônibus, carros e pessoas transitando eram raridades. Parecia um domingo mal colocado, como se o calendário tivesse enlouquecido. Andei trechos enormes sem cruzar com ninguém. Quase não vi bicicletas, o que é uma pena, a cidade está ótima para elas. Na Praça Marcílio Dias, no Paissandú, retornou a civilização, mas muito distante do habitual. Algumas lojas se preparando para abrir, rodinhas em algumas bancas de jornais e um ou outro gato pingado naqueles botequins que nunca fecham. Na Avenida, aí sim, muita gente aproveitando o sol para se exercitar, um casal de namorados em um banco à margem do Bengalas, idosos para lá e pra cá, além da turma que traz o cachorro para andar. Voltando para casa, subindo as Braunes