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Mostrando postagens de outubro, 2022

Figueiredo com Copacabana

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Pexels   Atravessou a Avenida Copacabana com o sinal fechado e fora da faixa de pedestres, desviando de carros, ônibus e caminhões. Chegou, sabe-se lá como, do outro lado, respirou fundo mas quando colocou um pé na calçada foi atingido sem dó por uma bicicleta de entregas, caindo junto com o ciclista pesadamente no chão. Pensa que o entregador ajudou? Que nada, xingou o coitado de tudo o que é nome, arrumou a magrela e seguiu em frente. Os pedestres, nem um pouco solidários, olhavam de lado, certamente considerando um absurdo um sujeito cruzar a avenida daquela forma e não prestar a atenção em uma reles bicicleta. Revoltado, dolorido e humilhado, lembrou que estava atrasado para o dentista, saiu do chão e foi acelerado até a esquina da Figueiredo de Magalhães. Já tinha colocado o pé no asfalto para repetir a façanha de minutos atrás, mas o juízo falou mais alto e resolveu esperar o sinal verde. Ficou ali, quieto, olhando para os carros que não paravam de pas

Iris

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© Carlos Emerson Junior Seria essa flor uma Íris legítima? Segundo o Google sim mas, como ele adora pregar uma peça nos incautos, relaciona logo a seguir diversas espécies parecidas com nomes distintos, como “Íris-da Sibéria” (bem apropriada com o frio que tem feito à noite aqui na serra), “Íris-Amarelo”, “Iris Tectorum”, “Íris Versicolor” (linda, puxando para os tons de vinho, branco e amarelo), “Iris Reticulata”, “Íris Pálida” (bem óbvio, azul clarinho, bem desbotado), “Íris Sanguínea” (azul forte, vibrante, mas não perguntem por que esse nome numa flor azul.), “Íris Aquática”, “Íris Variegata”, “Íris Negra” (roxa, bem escura, quase negra mesmo. Uma maravilha), “Íris Láctea” e a curiosa e completamente diferente das outras “Íris Confusa”, pequena, quase uma florzinha de mato. A lista é longa, possivelmente trabalho para todo um dia. Gosto muito de flores e morar numa cidade produtora de flores de corte , onde em qualquer terreno baldio ou mata virgem você

Cemitério dos Americanos

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Google  — Por favor, bom dia! Será que algum de vocês sabe informar como eu chego no Cemitério dos Americanos? Estava em Americana, no estado de São Paulo, voltando para o Rio de Janeiro, após uma viagem até Porto Alegre, com mulher e filhas pequenas. Animado, resolvi conhecer as origens da família e visitar o tal cemitério, onde existe um monumento aos imigrantes norte-americanos que vieram para o Brasil entre 1865 e 1868, fugindo da Guerra de Secessão que acabou com o sul dos Estados Unidos. — É melhor você se informar nos correios. Afinal naquela região tem gente morando e eles recebem cartas, não é? — Claro, sem dúvida. E lá fui procurar uma agência. Pois é, um carteiro me ensinou parte do caminho: o cemitério ficava na zona rural, na direção de Santa Bárbara d’Oeste. De lá era só me informar que o caminho não era difícil. — Mas só tem cana! Foi o que todos falamos nesse pequeno lugarejo, cujo nome não recordo. Um canavial enorme, a perder de vista, um espanto para quat

Desapegue-se

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  © Carlos Emerson Junior Desapego. Substantivo masculino. Nos dicionários significa falta de apego, afeição, desamor, desinteresse, indiferença. Desprendimento diante das coisas superficiais, das vaidades em detrimento de fatos importantes e que fazem a vida ter algum sentido a vida. Saber dividir e compartilhar. Mas, sei lá, essa definição é muito econômica! O budismo ensina que “ quem a tudo renuncia jubiloso, alcança, já agora, a mais alta paz do espírito; mas quem espera vantagem das suas obras, é escravizado pelos seus desejos ” . É aquela velha questão, o problema não é ter uma Ferrari na garagem e sim achar que precisa de uma! Vivemos tempos onde o único objetivo parece ser o consumo, fonte de prazer disponível em cada shopping do bairro ou nas lojas eletrônicas da internet, convenientemente parcelado em 12 vezes sem juros. E piorou depois que o Teve Joás nos convenceu que seus gadense são essenciais, mesmo que ninguém realmente precise deles. Pois é, aqui estou eu

Esqueceram de mim

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Imaginem a cena: já é noite, o trabalho no escritório em outra cidade, do outro lado do país foi exaustivo, tudo o que a mulher deseja é chegar logo no aeroporto, embarcar, voltar para casa, tomar um banho bem quente, cair na cama e dormir até o dia seguinte, de uma enfiada só. Muito justo, aliás. Assim que o avião decolou, reclinou a poltrona (licença do autor, hoje em dia isso não existe), se encostou na janela e apagou profundamente, um sono sem sonhos e nenhuma turbulência. Despertou bruscamente com muito frio, sem entender direito onde estava. A escuridão era completa, assustadora mesmo. O silêncio, absoluto. Para piorar, descobriu que ainda estava presa com o cinto de segurança na poltrona. Caramba, será que o avião caiu? Morri e ninguém me avisou? Gente, cadê meu celular? Me esqueceram no avião! O celular estava no chão, quase sem carga na bateria. Ligou para uma amiga mas, quando ia pedir socorro, o infeliz apagou. Suspirou profundamente, soltou meia dúzia de palavrões

Portas

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© Carlos Emerson Junior   O cientista Alexander Graham Bell, um dos pais do telefone, uma vez disse que " quando uma porta se fecha, outra se abre. Mas muitas vezes ficamos olhando tanto tempo, tristes, para a porta fechada que nem notamos aquela que se abriu. Pois é, está certíssimo. Portas fehadas protegem de inimigos, animais predadores e frio. Por outro lado, uma porta aberta é simplesmente a saída de casa. Mas, com sensibilidade, esperança e confiança, pode mostrar os caminhos para mundos distantes ou sonhos esquecidos. Enfim, abrir ou fechar portas é uma arte. (2015)