Sine Qua Non

 

© Carlos Emerson Junior

O barulho da chuva caindo no telhado, escorrendo pelas correntes das calhas e o cheiro da terra molhada. O verde forte da vegetação encharcada. O Caledônia oculto nas nuvens escuras regando nossa cidade e todas as criaturas.

O lusco-fusco entre o entardecer e o anoitecer. As cores das nuvens, alternando do branco ao laranja. As estrelas brilhando no céu limpo do inverno. A Lua Cheia sorrindo, iluminando a mata e ofuscando o pisca-pisca dos vaga-lumes que ainda resistem por aqui. A lareira acesa aquecendo corpos e corações.

A revoada e os gritos das maritacas nas manhãs da Primavera. O chamado do Quero-quero no telhado da casa vizinha. O canto marcante de um Bem-te-vi. Uma Dália altiva em um jardim. Um muro de heras todo florido com Esponjinhas. A beleza exótica das Orquídeas. As duas semanas de floração das Cerejeiras.

Ter passeado nesse mundão de Deus. Trabalhado com o que gosta, sabendo se reinventar. Velejar. Nadar. Conhecer e viver uma vida inteira com o amor de sua vida. As filhas, hoje adultas, amigas para todas as horas. Rezar no fim do dia. Dormir com a boa sensação de estar vivo.

Isso é essencial. Sine Qua Non.

(2020)

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