O peregrino

O calor sufocava. A estrada se estendia à frente, sinuosa, cortando um enorme campo, a perder de vista. No entanto, o mais importante e dolo roso é que não conseguia encontrar nenhuma árvore, uma sombra para se proteger do sol. Estava exausto, sedento, faminto, quase sem rumo, mas persistia no caminho, mochila nas costas, cajado na mão, chapéu de palha na cabeça, um lenço protegendo o pescoço. Parou por um momento, logo após uma curva, desalentado. A estrada seguia até umas montanhas a fundo, um ce nário belíssimo se você não estivesse andando. As botas apertavam e os pés doíam, doíam muito. Sentiu vontade de deitar no chão e dormir. Ficou de cócoras e sentiu o piso de terra quente como o sol lá em cima. Não adiantava parar ali, tinha que continuar. Apoiou-se no cajado, ergueu o corpo, bebeu um gole da água que ainda restava e continuou . Perguntou a si mesmo, o que estava fazendo ali, tão longe de casa, distante de tudo e todos. Perguntou a si mesmo se um dia seria mesmo um