Frio de abril

 

Depois de 23 dias isolado em uma CTI no Rio de Janeiro, não via a hora de retornar para Nova Friburgo. Sonhava com minha casa, o bosque do condomínio, o ar limpo,  o silêncio das noites cortado apenas por um ou outro inevitável latido de um cão, o coaxar de sapos, dia sim e no outro dia também. Pela manhã,  acordar com o canto de bem-te-vis e canários e os gritos das maritacas.

Pois bem, esse dia chegou, dei adeus para minha cidade natal e subi a serra para a cidade que me adotou. Como esperado, tudo estava dentro dos conformes. É muito bom (e faz bem para a saúde) você ver sua cama, sua poltrona, suas roupas, seus livros, retomar sua vida, enfim. O que eu não contava, ou tinha me esquecido nessas duas semanas e meia de internação foi do clima. Esqueci que aqui faz frio.

Meus caros, em Friburgo as estações são bem definidas e a temperatura cai a medida que os dias passam. No começo, o friozinho da noite pede um pijama ou um cobertor mais grosso. É como dormir com ar concionado no Rio. Logo o frio passa a chegar de tarde até que entra uma daquelas frentes frias pelo sul e pronto, o termômetro despenca como nesta semana santa: ficamos com 14, 15 graus durante o dia  para dormir com uns 9º. A sensação térmica, hoje de madrugada, foi de 4,5º, segundo o INMET. 

Nessas ocasiões lembro que sou carioca e tome meia de lã, calça idem, camiseta, moletom, edredom e tudo o que tenho direito. Sair da cama foi um suplicio e ainda agora, digito essa crônica no escritório com 16º dentro de casa. Não por acaso, ao invés de ar condicionado, tenho uma lareira e três aquecedores de ambiente prontos para qualquer eventualidade.

Fico só imaginando como será o inverno esse ano.

(2022)

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