Metrô
A plataforma de embarque do Metrô na estação Copacabana como sempre cheia, muito cheia. Final de dia, queria o quê? Pelo menos os trens não estão atrasados. Logo uma luz surge na escuridão do túnel, anunciando sua próxima chegada. Vagões cheios, a multidão na plataforma se desloca para as suas portas e a lei da física mais uma vez confirma que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo e um impasse absurdo se estabelece, ninguém consegue entra ou sai da composição. Eu sei, o bom senso e a educação mandam que quem vai embarcar aguarde quem vai desembarcar, mas… Deixa pra lá.
A primeira fase da viagem, até a Estação Central do Brasil, é um tormento. O excesso de lotação não permite sequer um reles pensamento. Dali para a frente, o carro vai esvaziando e dá uma melhorada. Se der sorte, consegue até sentar, tirar o celular do bolso e conferir as redes sociais. Aliás, quase todo mundo no vagão, mesmo quem viaja em pé, faz o mesmo. A cabeça inclinada, os olhos atentos na telinha iluminada. Foi-se o tempo que os passatempos preferidos dos passageiros eram dormir ou observar o sujeito do banco da frente, a moça ao lado da porta, o casal de velhinhos no banco preferencial. Agora é tudo virtual.
Chego ao meu destino, saio do carro, subo as escadas da estação para a luz da rua e só aí me dou conta que esqueci a pasta com o trabalho para terminar logo mais mais à noite no escritório. Não dá para deixar para lá, o assunto é importante, tão importante que tomo a dura decisão de embarcar de volta para o Centro, pegar minha pastinha e retornar para casa. Mais uma ou duas horas perdidas. Acontece. Numa das colunas um cartaz com o Cristo Redentor acima de uma improvável cidade maravilhosa, me observa desalentado. Neste instante as portas se abrem, sento lá no fundo do vagão, fecho os olhos e tento cochilar um pouco. Afinal, o Metrô leva, o Metrô traz. Simples assim.
(2019)
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